Dia 15 de Agosto, feriado nacional. Celebra-se a assunção de Nossa Senhora. Festas e romarias pelo Portugal fora. Eu e mais uns quanto malucos regressamos a casa às 10h00 da manhã, depois de uma noite de muito trabalho.
Só me apetecia dormir, mas tinha, imperativamente, de desbastar o cabelo e a barba, para estar minimamente apresentável para a semana louca que se adivinhava.
Claro que, sendo feriado, o meu barbeiro estava fechado e vi-me na contingência de ter de colocar o meu coro cabeludo nas mãos de outra qualquer pessoa. Procurei, mas não encontrei nada aberto, até que um amigo meu, de ascendência caboverdiana, sugeriu que fosse com ele a um cabeleireiro "luso-africano" na Cova da Moura.
Porque não, pensei eu?
E lá segui...
Entrei e sentei-me esperando a minha vez. As paredes estavam forradas com posters de cantores e jogadores de futebol. Apercebi-me que todos eram africanos e que todos estavam com um corte "à maneira". Afinal estava num salão conceituado... O cabeleireiro que tinha a foto do Nani no espelho chamou-me. O meu amigo disse-me que explicasse o que queria, porque eles não estavam "habituados a cortar o cabelo a brancos".
Ok. Não devia ser difícil.
Sentei-me na cadeira, bastante confortável, e disse-lhe o que digo a todos os barbeiros: cabelo curto, mas só o suficiente para não ter de me pentear e barba aparada com pente 2.
Começou pela barba, muito bem. Falando um pouco com ele descobri que cortava o cabelo ao Nani (e que não estava muito virado para conversas). Acabou a barba, limpou o pente da máquina e... cortou-me o cabelo "do centro" bem rentinho... Já não havia nada a fazer, quando saísse de lá ia parecer vindo da tropa.
Perguntou-me se queria mais curto, e eu respondi-lhe "parece-me que assim está óptimo" (não me pareceu útil refilar com um tipo que podia destruir completamente a minha imagem). E o senhor prosseguiu o serviço...
A certa altura, depois de me pôr o cabelo milimetricamente à mesma medida (ficou bem cortado, verdade seja dita), perguntou-me se queria "acertar" (ou algo semelhante). Já estava por tudo e dei-lhe liberdade para fazer o que quisesse. Lá andou uns 15 minutos com a lâmina entre o cabelo e a barba.
Perguntou-me se estava bom, disse-lhe que sim, encheu-me a cabeça de pó talco e tirou-me o pano. Paguei o que ele pediu (bastante menos do que costumo pagar)e esperei que o meu amigo acabasse de "desfrisar" a carapinha.
Quando saímos ele, estranhamente, não gozou comigo. Perguntei se estava fixe e ele respondeu-me "Ya! Pareces um preto!"... Talvez lá volte... no carnaval ou para me aparar a barba, que ficou "bazofe", mas terei de pedir gentilmente que passe algum tipo de espuma na minha cara antes de começar a massacrar-me com a lâmina, já que pele de branco é mais fraquinha.
Enfim, é mais uma curiosa experiência que partilho convosco!