quinta-feira, 15 de maio de 2008

Coincidências

Hoje, para não variar, não ouvi o despertador. Acordei uma hora mais tarde que o previsto e saí de casa bastante atrasado.

Quando cheguei à rua, constatei que estava a chover. Sem guarda chuva ou casaco, meti as mãos nos bolsos e pensei: "vai ser um dia daqueles".

Mesmo atrasado, fiz a sacrossanta paragem na papelaria, para ver os títulos dos desportivos. Benfica nas 3 capas, tudo normal, portanto. Saí conformado com a lesão do Liedson e a fazer uma nota mental para não me esquecer de registar o Euromilhões no dia seguinte.

Claro que, quando levantei a cabeça, vi o 50 partir. Sim, o 50, o autocarro com maior história (e estórias) e carreira da Carris, no fundo o autocarro, ia seguindo o seu caminho perante os pingos insistentes. Escusado será dizer que era o meu autocarro. Frustrado, ia insultando o inventor da roda, quando vejo passar... outro 50. Não resisti a soltar um "p*t* que p*r**".

Avancei para a paragem, mentalizado para, com sorte, 20 minutos de espera à chuva. Mas, milagre dos milagres, apareceu um terceiro autocarro. Este não dava para perder.

Entrei apressado e a gabar a minha sorte: não é todos os dias que se anda num 50 vazio! Sentei-me onde me apeteceu e aconteceu um daqueles fenómenos exclusivos deste autocarro: vi, uns quantos bancos à frente, virado na minha direcção, um rosto extremamente familiar. O meu cérebro demorou ainda uma fracção de segundo a informar-me sobre quem era aquela pessoa, mas a minha cara abriu-se imediatamente num sorriso daqueles.

Ali estava aquele amigo que há tanto tempo não via! Levantámo-nos os dois e cumprimentámo-nos efusivamente. A troca de palavras habituais neste tipo de reencontros, mas o coração bem cheio.

Há mais de dois anos que não contactávamos. Vivíamos em sítios diferentes, tínhamos idades diferentes, amigos diferentes, ocupações diferentes, mas o 50 voltou a reunir-nos.

Foram 20 minutos muito bem passados, mas poderiam ter sido muitos mais. Haveria conversa para muitas horas, muitas imperiais e muitas gragalhadas.

Não deixa de ser curiosa a forma como todo um conjunto de factores e acontecimentos possibilitou este momento tão especial. Acordei tarde, saí atrasado, perdi 2 autocarros e reencontrei um grande amigo.

Só no 50, mesmo.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Sentido

Hoje dei por mim a pensar (acto raro, é certo) em algo que me parece digno de referência e que, portanto, devo partilhar com qualquer parvo que venha dar a este fim de internet.

O autocarro nem ia muito cheio, mas o trânsito na 2ª circular formava uma fila interminável. Sem miúdas giras para contemplar, vi-me obrigado a fazer uso da tão propalada racionalidade humana para passar o tempo.

Claro que não há nada melhor para filosofar às 9h da manhã, minutos antes de um exame, do que o Sentido da Vida.

Como biólogo, posso dizer (correndo o risco de ser controverso) que o "objectivo" comum a todas as espécies é a passagem de material genético à geração seguinte, que é como quem diz reproduzirem-se.

Mas não sei porquê, isso não me basta. Preferiria, sem dúvida, saber que esse era o único objectivo da vida humana, que me bastava deixar uns quantos descendentes em condições para cumprir "the ultimate purpose". Quer o conseguisse fazer ou não, já saberia que rumo tomar.

Claro que o homem é um animal superior (sim, apetece-me ser um chauvinista antropocêntrico), dotado de razão, que não pode ter as mesmas limitações que os outros seres do planeta.
Procuramos então a felicidade.

Mas onde é que anda esse bicho? É uma pergunta pertinente. Alguém conhece alguém que seja feliz, na verdadeira e plena acepção da palavra? Não alguém que esteja feliz, isso é comum (embora cada vez menos). Falo de alguém que viva plenamente certo do caminho que escolheu e que, independentemente das adversidades da vida é, intrinsecamente, feliz. Não me parece que haja muita gente assim.
O que é estranho.

Parece-me que se perguntarmos a 20 pessoas aleatoriamente seleccionadas o que mais desejam na vida 18 dirão ser feliz, uma conhecer o Mickael Carreira e o bêbedo ver o Benfica Campeão Europeu. Atrevo-me a dizer que 90% das pessoas assume a felicidade como o objectivo de uma vida. Contudo, pessoas plenamente felizes, não abundam. Porquê?

Acredito que todo o ser humano tem a possibilidade de ser feliz. Como cristão, devo ter até essa premissa, afinal o Reino de Deus (não a seita, o conceito) é aqui e agora. Acredito também que a forma de alcançar essa felicidade vai variar de pessoa para pessoa, mas passará sempre por uma realização também ao nível espiritual. Não quero com isto dizer que só a religião traz felicidade, nada disso. Mas acho que a pessoa, para ser verdadeiramente feliz, deve conseguir ir ao âmago de si própria, de perceber realmente os seus dons e as suas falhas, os seus medos e os seus desejos, sem medo de, no caminho, descobrir algo... maior.

Entretanto olhei pela janela e vi uma loira lindíssima fora do autocarro. Feliz coincidência, já estava a chegar à minha paragem. No tempo entre carregar no stop e sair, cheguei a uma (pouco) brilhante conclusão: mais valia ter nascido coelho.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Ainda bem...

...Que há gente assim no nosso país.

A bem da nação, Emplastro a presidente!